domingo, 30 de novembro de 2008

O Enterrado Vivo
É sempre no passado aquele orgasmo,
é sempre no presente aquele duplo,
é sempre no futuro aquele pânico.

É sempre no meu peito aquela garra.
É sempre no meu tédio aquele aceno.
É sempre no meu sono aquela guerra.

É sempre no meu trato o amplo distrato.
Sempre na minha firma a antiga fúria.
Sempre no mesmo engano outro retrato.

É sempre nos meus pulos o limite.
É sempre nos meus lábios a estampilha.
É sempre no meu não aquele trauma.

Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.
Autor: Carlos Drummond de Andrade


Uma criatura

Machado de Assis

Sei de uma criatura antiga e formidável,
Que a si mesma devora os membros e as entranhas,
Com a sofreguidão da fome insaciável.


Habita juntamente os vales e as montanhas;
E no mar, que se rasga, à maneira de abismo,
Espreguiça-se toda em convulsões estranhas.


Traz impresso na fronte o obscuro despotismo.
Cada olhar que despede, acerbo e mavioso,
Parece uma expansão de amor e de egoísmo.


Friamente contempla o desespero e o gozo,
Gosta do colibri, como gosta do verme,
E cinge ao coração o belo e o monstruoso.


Para ela o chacal é, como a rola, inerme;
E caminha na terra imperturbável, como
Pelo vasto areal um vasto paquiderme.


Na árvore que rebenta o seu primeiro gomo
Vem a folha, que lento e lento se desdobra,
Depois a flor, depois o suspirado pomo.


Pois esta criatura está em toda a obra;
Cresta o seio da flor e corrompe-lhe o fruto;
E é nesse destruir que as forças dobra.


Ama de igual amor o poluto e o impoluto;
Começa e recomeça uma perpétua lida,
E sorrindo obedece ao divino estatuto.
Tu dirás que é a Morte; eu direi que é a Vida.

Livros e flores

Machado de Assis


Teus olhos são meus livros.
Que livro há aí melhor,
Em que melhor se leia
A página do amor?


Flores me são teus lábios.
Onde há mais bela flor,
Em que melhor se beba
O bálsamo do amor?

Flor da mocidade


Machado de Assis


Eu conheço a mais bela flor;
És tu, rosa da mocidade,
Nascida aberta para o amor.
Eu conheço a mais bela flor.
Tem do céu a serena cor,
E o perfume da virgindade.
Eu conheço a mais bela flor,
És tu, rosa da mocidade.


Vive às vezes na solidão,
Como filha da brisa agreste.
Teme acaso indiscreta mão;
Vive às vezes na solidão.
Poupa a raiva do furacão
Suas folhas de azul celeste.
Vive às vezes na solidão,
Como filha da brisa agreste.


Colhe-se antes que venha o mal,
Colhe-se antes que chegue o inverno;
Que a flor morta já nada val.
Colhe-se antes que venha o mal.
Quando a terra é mais jovial
Todo o bem nos parece eterno.
Colhe-se antes que venha o mal,
Colhe-se antes que chegue o inverno.


terça-feira, 25 de novembro de 2008

Lambusas-te na delícia do meu clitóris..
Arrepias-me!
Quando em delírio violento
Teu penis rasga-me as entranhas
Num ritmo desenfreado, sacío meu desejo
Que mesmo agora ainda o vejo
E sinto o ardor
O sugar,
O morder,
O mamar,
O beijar...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008


"Sozinha, meu pensamento focaliza alguém...
Deixa-o livre... e de repente meu coração aperta
Mas não estou triste, pelo contrário...
Até deixo escapar um sorriso...
Comer não me parece tão importante agora...
Me sinto alimentado por outra coisa...
Acordo sempre com os mesmos pensamentos...
E os mesmos me impulsionam a ter um grande dia...
Quando te vejo sinto coisas estranhas... mas boas...
Quando falo com você minha cabeça pensa direitO...
Mas minhas palavRas saem embaralhadas...
Por que minhas mãos estão suando ?
Sozinha meu pensamentO focaliza em alguém...
Esse alguém é vOcê...

É, estou amandO..."

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Volver

Nas noites que minha saudade
Reviram os armários feito doida,
E meu desejo desaforado
Emerge do nada, meio engasgado,

Balbucio palavras sem nexo,
Rolo na cama a procura
De um faz de conta e sexo,

Queimo as cortinas de renda
Que tu me deste naquela
Tarde vermelha e celeste,

Espero que tu me entendas
Porque forcei tua porta
Abrindo fendas,

foi pra te fazer saber
o que deveras arde
ao cair de cada tarde,
Então sou febre ao anoitecer.

Maria Júlia Pontes

Sexo Utópico

Barbara Hansen


desejo litúrgico
nos beijos tímidos
em seus olhos límpidos
nos sorrisos íntimos.
o silêncio tórrido
nos verbos implícitos,
meus dedos líricos
no músculo túrgido:
encontro cósmico,
gozo místico.

sábado, 15 de novembro de 2008

É pura ilusão

Tanta coisa eu tentei, mas todo o sacrifico foi em vão, esse desespero em mim pouco a pouco abafou o sentimento...
Não adianta eu sorrir, sem alma para aguentar o sofrimento que esta dor, em mim aposentou tanto amor tanta paixão, cegou o meu coração, pois só agora entendi, é pura ilusão…
É pura ilusão….
Me esbarrei e enfrentei, me perdi e me encontrei, pois sou mulher! E as promessas que fizeste, pouco a pouco esquecerei, as damas por ilusão…
É pura ilusão….

sexta-feira, 14 de novembro de 2008


Vaguei por estradas

Antes nunca tinha pensado

Que descobrira

Um mundo assim

Não fazia idéia que existia

O meu mundo

Antes de apareceres

Era negro, escuro

Nada seguia

Para à frente

Andava sempre tudo

Para trás

Tudo me corria mal

Ate que um dia

Numa manha

Cinzenta...

Passas te por mim

Deste-me um encontrão

Olhe-.te nos olhos

Com um olhar serrado

Cheio de tristeza

Tu sorriste

Olha-.te para mim

Com um olhar meigo

E foi ai que me

Percebi que tu

Estavas a dar cor

À minha vida

Assim sem mais nem menos

Fez-se luz no meu mundo

Tudo ganhou cor

Tudo seguiu em frente

E a mim?!...

Só me restava ser feliz contigo.