domingo, 18 de julho de 2010

Cecília Meireles



Serenata
Permita que eu feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.
Permite que agora emudeça:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silencio,
e a dor é de origem divina.
Permite que eu volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo.

Um comentário:

Jorge Manuel Brasil Mesquita disse...

Sonata
que soa nos dedos dos meus ouvidos
ecos do mar sereno
que encontra no prazer da vida
as vagas do sonho eterno:
ver-te o sorriso infantil,
acariciar-te os cabelos soltos,
vestidos com a liberdade
das serenas águas,
lágrimas de dores passadas,
voos finais da inocência
onde a candura é uma urgência.
Jorge Manuel Brasil Mesquita
Lisboa, 20/07/2010
etpluribusepitaphius.blogspot.com