quarta-feira, 26 de maio de 2010

Antes de amar-te, amor, nada era meu
Vacilei pelas ruas e as coisas:
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se despediam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado e decaído,
Tudo era inalienavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono.

Pablo Neruda

Um comentário:

EXPEDITO GONÇALVES DIAS disse...

Neruda é tudo de bom e sabe como ninguém denunciando o significado do amor nas coisas mais comezinhas.
parabens pelas postagens. As músicas também. Tudo a ver!
Bjs.