segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O engenheiro

A luz, o sol, o ar livre
envolvem o sonho do engenheiro.
O engenheiro sonha coisas claras:
superfícies, tênis, um copo de água.

O lápis, o esquadro, o papel;
o desenho, o projeto, o número:
o engenheiro pensa o mundo justo,
mundo que nenhum véu encobre.

(Em certas tardes nós subíamos
ao edifício. A cidade diária,
como um jornal que todos liam,
ganhava um pulmão de cimento e vidro).

A água, o vento, a claridade,
de um lado o rio, no alto as nuvens,
situavam na natureza o edifício
crescendo de suas forças simples.

(João Cabral de Mello Neto)

Uma singela homenagem ao meu querido irmão.

Um comentário:

Anga Mazle disse...

Que delícia, Luciana!

É tão raro encontrar pela blogosfera este João genial, Cabral descobridor de delicadezas nas formas mais rígidas do verso.

Beijos